domingo, 18 de fevereiro de 2018

Ralo


a palavra está no centro de uma armadilha
e é a última
minha boca está seca de tanta sede
quebraram todos os copos de vidro
você poderia me servir uma palavra direto
da sua boca o oceano escorre lentamente
eu só consigo contemplar
mas não mergulho
e a palavra continua ali – no centro
da armadilha – me querendo enquanto eu
a quero na ponta da língua
a bomba está armada na encruzilhada
um despacho para amarrar sua solidão
na minha: "minha solidão quis segurar você"
Liniker canta incansavelmente e meus braços
sentem a dor do vazio segurando apenas
minha solidão secando secando secando
querendo implorando clamando
para ser ralo esperando a água
desvirginar sua pele escalando ao contrário
até alcançar teus pés e
penetrar
todos
os meus buracos