Foto: Ryan Michael Kelly |
poderia dizer que meu destino
se cruzou
com o teu, baby
mas eu estou sempre com essa
sensação
vertiginosa de que vou cair
e caio
sempre no lugar errado bati
tambores
depois de quebrar as cordas do
violão
esfolando meus pés no chão de
tanto dançar
as danças proibidas para tentar
prender você em mim
o sexo machucado escondido
entre as mãos hesitantes
querendo
esconder a vergonha de estar só
ferida e sangrenta solidão
exposta
recaída sobre a cama violentada
me dobro e me desdobro e me
dobro
duzentas e trinta e oito vezes
sobre os teus braços pareço um
origami
retorcida a ponto de sentir
meus ossos
rangendo como as portas velhas
da casa de vovó
se abrindo e se fechando e
dando acesso e
expulsando para fora de si a
escuridão e mofo
você diz que não suporta o meu
cheiro
enquanto eu acolho o teu fedor
na minha pele cicatrizes
queimam
“o passado não se afoga
num copo de vodka” você diz
lentamente
enquanto tenta se livrar com
força
das minhas mãos escorrem a
ausência
de todos os corpos um dia
esmagados
pelo peso da minha alma
esfomeada
agora devastada
por não ter onde
se alimentar
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